Putin anuncia que Rússia é o 1º país a registrar vacina contra o novo coronavírus; não foram publicados estudos sobre testes
O
presidente Vladimir Putin anunciou nesta terça-feira (11) que a Rússia é o
primeiro país do mundo a registrar uma vacina contra o novo coronavírus. Apesar
do anúncio, sabe-se pouco sobre a eficácia dessa vacina, e ela vem sendo
questionada por especialistas internacionais.
"Esta manhã uma vacina contra o novo
coronavírus foi registrada pela primeira vez no mundo", disse o
chefe do Kremlin em reunião com o Gabinete de Ministros.
A
Organização Mundial de Saúde (OMS) tem uma página internet na qual mostra em
que estágio de desenvolvimento estão as pesquisas de vacinas ao redor do mundo.
A última atualização dessa informação foi feita em 31 de julho. Nela, consta
que a vacina russa do Instituto Gamelaya está na fase 1 do processo -
seria necessário observar três fases completas para começar a vacinar em massa.
Mais de 100 vacinas estão desenvolvidas em
todo o mundo, e pelo menos 4 delas estão na fase 3, a final, de acordo com a
OMS.
Sem detalhes sobre o
processo russo
A Rússia
não publicou nenhum estudo ou dado científico sobre os testes que realizou. Não
se conhecem os detalhes sobre as fases do processo, que
geralmente devem ser cumpridos antes de uma nova vacina ser aprovada e lançada
no mercado.
Segundo o presidente Putin, no
entanto, a vacina russa é "eficaz", passou em todos os testes necessários e permite obter uma
"imunidade estável" contra o COVID-19.
As agências internacionais informam ainda que
o presidente russo afirmou que uma de suas filhas já tomou a vacina. Suas
filhas são Maria, de 35 anos, e Ekaterina, 34. As agências não souberam
informar qual delas teria tomado a vacina.
O que se sabe
sobre a vacina russa?
Segundo o serviço da BBC em língua russa, a
primeira vacina do país contra o coronavírus foi desenvolvida por cientistas do
Centro Nacional de Investigação de Epidemiologia e Microbiologia (Gamaleya)
junto ao Ministério da Defesa.
Em meados de junho, o ministério
informou sobre a conclusão "bem-sucedida" de testes em voluntários no
hospital militar Burdenko, mas não publicou nenhum tipo de evidência científica.
Não foi informado, por exemplo, quantas
pessoas foram submetidas a testes, detalhes sobre os voluntários, nem
informações sobre quanto duraria a resposta imune ou o tipo de imunidade que a
vacina oferece.
OMS reforçou importância
das 3 fases
Na segunda-feira (10), a Organização Mundial
da Saúde (OMS) alertou que, apesar de
haver várias vacinas na fase final de testes, a eficiência destas ainda está
para ser demonstrada e que, provavelmente, não haverá uma "solução
imediata".
"Várias vacinas se encontram agora em
ensaios clínicos de fase três, e todos esperamos ter várias eficazes que possam
ajudar a prevenir a infecção nas pessoas. No entanto, não há uma solução
imediata neste momento e pode ser que nunca haja", disse o diretor da OMS,
Tedros Adhanom Ghebreyesus.
A fase 3 seria a última das etapas de
aprovação de uma vacina, e também a mais decisiva, pois é quando se produzem as
evidências reais sobre o seu uso contínuo.
Vacinação na Rússia
Segundo indicou o Ministério da
Saúde, após o registro e a produção, a vacinação deve começar em outubro de
forma gratuita. Inicialmente, de acordo com as autoridades sanitárias, serão vacinados
grupos especiais da população: médicos, professores e aqueles que estão
constantemente em contato com grandes grupos de pessoas.
Nesta segunda-feira (10), em entrevista à
Itar-Tass, o ministro da Indústria e Comércio, Denis Manturov, indicou que no
próximo mês três empresas russas vão começar a produção comercial.
Informações
do portal G1
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