FBC DIZ QUE ACUSAÇÕES NÃO TÊM QUALQUER FIAPO DE PROVA


Plenário do Senado durante sessão extraordinária. Em discurso, senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE). Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Plenário do Senado durante sessão extraordinária.
Em discurso, senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE).
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Do G1
O senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) subiu à tribuna do Senado, na tarde desta quarta-feira, para se defender da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), que o acusou de crimes de lavagem de dinheiro e de corrupção passiva durante a construção da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco.
Na tribuna, Bezerra disse que a denúncia é baseada em acusações sem “qualquer fiapo de prova”, feitas em depoimento de colaboração premiada.
Segundo a acusação despachada ao Supremo Tribunal Federal (STF) na última segunda-feira (3), Bezerra Coelho recebeu, ao menos, R$ 41,5 milhões em propina de dinheiro desviado da Petrobras em contratos com as construtoras Queiroz Galvão, OAS e Camargo Corrêa para as obras de construção da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco.
A propina, aponta o Ministério Público, teria sido repassada ao senador do PSB entre 2010 e 2011, quando Bezerra Coelho era secretário estadual de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco e presidente do Complexo Industrial Portuário de Suape, onde se localiza a refinaria.
“Causou extrema surpresa a denúncia, publicada no site da PGR antes mesmo que tivéssemos conhecimento dessa posição. […] Posso afirmar que são absolutamente inverídicas as imputações. Elas continuam baseadas em palavras de um desses tais colaboradores e sem qualquer fiapo de prova quanto a esses absurdos que ele alegou”, disse o senador pernambucano no plenário do Senado.
Na mesma acusação, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também denunciou os empresários Aldo Guedes, ex-presidente da Companhia Pernambucana de Gás (Copergás), e João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho, apontados por Janot como os operadores que viabilizaram o repasse da propina ao senador pernambucano.
Eduardo Campos
Na tribuna do Senado, Fernando Bezerra Coelho também negou que tenha solicitado dinheiro desviado de contratos da Petrobras para a campanha presidencial do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto em 2014.
“Nunca fiz qualquer solicitação indevida para a campanha de Eduardo Campos ao governo estadual em 2010, algo que nunca poderão afirmar porque nunca ocorreu. Se não solicitei, tampouco recebi qualquer vantagem indevida, até porque não fui candidato na eleição de 2010 e nem coordenei a campanha [de Campos] nem do ponto de vista político e nem do ponto de vista financeiro”, declarou Fernando Bezerra Coelho.
A denúncia da PGR narra que a propina foi paga a Bezerra Coelho pelas construtoras em contratos autorizados pelo ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, um dos delatores da Lava Jato.
As investigações verificaram que as empresas suspeitas de terem pago a propina ao senador do PSB fizeram 17 doações oficiais, que, na verdade, eram dinheiro desviado de contratos superfaturados com a estatal do petróleo. A maior parte do suborno, segundo as investigações, se destinou à campanha de Eduardo Campos.
A denúncia afirma ainda que os acusados compraram com dinheiro ilegal a aeronave na qual Campos usou na campanha presidencial de 2014, a mesma que caiu em Santos, matando o ex-governador.
Próximos passos
Caberá agora ao relator dos processos da Lava Jato no STF, ministro Teori Zavascki, submeter a denúncia à Segunda Turma da Corte. O colegiado é composto por Teori e pelos ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski.
Se a Segunda Turma aceitar a denúncia, Bezerra Coelho e os dois empresários passam a responder como réus em uma ação penal. Ainda não há previsão de quando ocorrerá o julgamento da denúncia.
Antes, a defesa de cada um dos acusados poderá apresentar uma resposta prévia ao STF, com a primeira defesa sobre as acusações.

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